sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Louis Vuitton



Pense em uma marca luxuosa. Agora pense em bolsas e malas. Certamente a marca que lhe veio à cabeça é a francesa LOUIS VUITTON. Assim, de maneira simples, apenas com duas palavras, pode ser resumido o conceito que envolve duas das letras mais famosas do alfabeto conhecido por viajantes há mais de um século: L e V. Duas letras poderosas capazes de levar mulheres do mundo todo a ficar em uma fila de espera para comprar uma bolsa em valor que passam facilmente dos três dígitos. Ou ainda fazer duas mil japonesas passarem a noite em claro, na calçada, aguardando a inauguração de uma loja. O segredo de seu sucesso é aliar qualidade e exclusividade, criar objetos de desejo em número limitado, que muitas sonham ter, mas nem todas conseguem. Muito mais do que uma grife: uma lenda.
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A história
Tudo começou em 1851, quando para cada viagem do imperador francês Napoleão III, era trazido ao Palais des Tuilleries um jovem aprendiz de cofreiro para embalar a bagagem da imperatriz Eugénie. O rapaz chamava-se Louis Vuitton, um suíço criado em Paris e filho de um marceneiro, que em 1854 fundou a MAISON LOUIS VUITTON no centro da capital francesa em plena Place Vendôme. E mesmo depois de aberta a loja ainda produzia sob encomenda produtos exclusivos e únicos como um baú que virava cama, sob solicitação de um explorador europeu, outro baú que virava charrete, para um viajante muito especial, e ainda, um baú flutuante para os praticantes de balonismo que volta e meia caíam no mar. Quase ao mesmo tempo, lançou as primeiras malles plates - um novo formato de baús, que facilitava a arrumação nos porões dos navios e o empilhamento nos trens - e o revestiu com sua assinatura em cinza. Tudo para atender às madames da época que viajavam de navio e precisavam de uma mala que pudesse ao mesmo tempo transportar de tudo e com muita classe. O material utilizado era sempre o mesmo: madeira, zinco, cobre e lonas impermeáveis. A ferramenta: seu apuro artesanal que conquistou ricos e nobres. As famosas caixas de chapéus eram feitas especialmente para estas viagens. Seus produtos despertavam inveja e inspiravam imitadores. Para boicotar as cópias, os baús se tornaram o primeiro produto manufaturado a levar uma assinatura do lado de fora: “marque L.Vuitton”. Foi em vão. A primeira utilização dos tradicionais monogramas das letras LV, granulados e nas cores ocre e café, que hoje é a marca registrada da LOUIS VUITTON, foi em 1896, quando Georges Vuitton, filho de Louis que morreu alguns anos antes, tentava diferenciar seus produtos das inúmeras imitações que eram produzidas. Rapidamente, os baús e malas com o monograma da marca caracterizavam as pessoas ricas e de bom gosto nas viagens de trens e navios. E, depois, nas primeiras classes dos aviões.
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O The Louis Vuitton Building foi inaugurado em 1914 na cidade de Paris, no luxuoso endereço da Champs-Elysees, como a maior loja de produtos para viagem do mundo. Com a Segunda Guerra Mundial, a família Vuitton se divide. Parte se alia aos Nazistas para garantir que a empresa continue funcionando. Em 1977, Henry Recamier, genro da matriarca Renée Vuitton, assume o comando da empresa e inicia a verticalização dos negócios. A empresa, então com apenas duas lojas, alcança vendas de US$ 12 milhões e lucro de US$ 1.2 milhões. Até meados dos anos 80, a LOUIS VUITTON parecia fadada a vender bolsas clássicas para um público pequeno, porém muito fiel. Em 1987, o magnata francês Bernard Arnault comprou a grife da família Vuitton e, com ela, ergueu os pilares do LVMH (Louis Vuitton Moët Henessy), maior conglomerado de marcas de luxo do planeta. Em um mundo globalizado, enxergou o potencial que um nome com a tradição da LOUIS VUITTON teria entre um público ansioso por consumir luxo de qualidade. Cultuada por esta qualidade, a marca começou a se preocupar em lançar tendências em 1996, quando convocou sete estilistas renomados - Helmut Lang, Azzedine Alaïa, Vivienne Westwood, Isaac Mizrahi, Romeo Gigli, Manolo Blahnik e Sybilla - para reinventar seus acessórios, em uma homenagem aos 100 anos do famosos anagrama. Mas a injeção de dinheiro não foi suficiente.
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Em 1997, Arnault contratou o estilista americano Marc Jacobs para renovar a LV e criar sua primeira coleção de roupas. Reconhecido nos Estados Unidos por sua modernidade, ele desembarcou em Paris como um quase desconhecido, mas mostrou a que veio logo na primeira temporada. Transformou as bolsas LV em coqueluche. Disposto a inovar, a célebre combinação do logotipo marrom e amarelo sobre o fundo de couro marrom, dando um ar contemporâneo com símbolos da cultura pop e cores novas, o americano vem convidando artistas para experiências mais ousadas. Em 2001, Stephen Sprouse emplacou as bolsas grafitadas. Depois vieram o trabalho em patchwork da artista inglesa Julie Verhoeven, as cores fluorescentes do diretor teatral Bob Wilson e os mangás do desenhista Takashi Murakami. Em outra prova de ousadia, convidou a atriz Jennifer Lopez para ser garota-propaganda da grife, logo ela, que, com seus decotes exagerados e combinações esdrúxulas, já foi eleita uma das mais mal-vestidas mulheres de Hollywood. Para o estilista, ela representa uma mulher influente, poderosa e glamurosa, do jeito que a cliente LOUIS VUITTON se sente com as criações da marca. Os méritos de Marc Jacobs são reconhecidos por todos. Sob seu comando, a marca cresceu 80%. Há mais de 150 anos que a LOUIS VUITTON conserva intacto o seu poder de atração, quer sobre as cabeças coroadas quer sobre as estrelas de Hollywood, de Cary Grant a Marlene Dietrich, de Sharon Stone a Jennifer Lopez.
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A linha do tempo
1872

 Estampas com listras verticais nas cores marrom e vermelho foram introduzidas.
1888
 As tradicionais estampas quadriculadas em marrom e bege são introduzidas.
1924
 Keepall Bag, a tradicional mala de mão, o item mais vendido da marca, e a primeira com tecido impermeável flexível.
1932
 Bolsa NOÉ (estilo saco), um dos maiores sucessos da marca, que foi desenvolvida com a finalidade de carregar garrafas de champanhe.
1993
 Taïga, uma linha masculina de malas e pastas em couro para homens de negócios e executivos.
1997
 Linha de canetas, desenvolvida por Anouska Hempel.
1998
 Coleção de roupas, assinada pelo estilista Marc Jacobs, ingressando de vez no mundo fashion.
 Também lançou sua linha de sapatos e a linha de bolsas e carteiras envernizadas.
2001
 Linha de jóias. Além da introdução da linha de estampas Graffiti.
2002
 Linha de relógios.
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As lojas
Visite qualquer uma das mais de 340 lojas da LOUIS VUITTON espalhadas pelo mundo e encontrará exatamente a mesma disposição na vitrine principal. Cada mês, exatamente no mesmo dia, o visual é alterado conforme o manual global de montagem de vitrines da marca. O grupo LVHM coloca toda sua ênfase no aspecto visual da marca LOUIS VUITTON. Tudo é cuidadosamente controlado, da maçaneta das portas à textura das paredes, o impecável chão de mármore italiano e às embalagens. Os balcões são feitos em bronze, com tampos de cristal “clear” - usado nas maiores joalherias do mundo. E até o controle de iluminação é minuciosamente projetado. Uma equipe, com cerca de 30 arquitetos, é responsável por criar as novas lojas. De suas mais de 400 lojas no mundo, 50 são consideradas “global stores”, como são chamadas as lojas que oferecem a linha completa da marca (composta por mais de 1.200 produtos).
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A principal loja da marca é a Louis Vuitton Champs-Elysées, situada em uma das avenidas mais cobiçadas de Paris, e instalada em um prédio da década de 30 considerado patrimônio histórico da França. As outras lojas estão localizadas nas principais cidades cosmopolitas do mundo como Nova York, Milão, Londres, São Paulo, San Francisco, Los Angeles, Miami, Toronto, Vancouver, Praga, Madrid, Barcelona, Lisboa, Canes, Lyon, Marselha, Berlin, Munique, Hong Kong, Dublin, Roma, Tóquio, Kuala Lumpur, Amsterdã, Cingapura, Zurique, Genebra, Dubai e Abu Dhabi, entre outras.
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A qualidade
A grife possui 14 fábricas espalhadas pelo mundo. Uma visita à primeira fábrica da LOUIS VUITTON, localizada em Asniéres, no subúrbio de Paris, dá uma pequena amostra de como esse modelo de sucesso funciona. Construído em 1859, atrás da casa que já abrigou sete gerações da família Vuitton, o imenso galpão foi reformado em 2005. Mas, apesar de ainda ser chamado de oficina, e os funcionários, de artesões, o clima interno é o mesmo de uma linha de produção, e o sistema de lá foi igualmente adotado nas outras 13 fábricas ao redor do mundo. Cada unidade tem, no máximo 250 funcionários, que trabalham em um esquema inspirado no modelo Toyota de produção.
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O processo de produção é de primeira. Os testes para avaliar a resistência dos produtos, por exemplo, são feitos em máquinas de raio ultravioleta a equipamentos que abrem e fecham o zíper das bolsas 5.000 vezes. Em vez de um artesão fazer uma bolsa do começo ao fim, como acontecia antes, as finções foram divididas. Cada bolsa é feita por um grupo de seis a doze funcionários. Além de tornar mais ágil a produção e ajudar a reduzir os defeitos, o novo modelo permitiu que a LOUIS VUITTON lançasse mais produtos a cada ano (em 2008 foram 71 modelos de bolsas lançados). O tempo para a chegada de produtos às lojas também foi reduzido à metade. Para isso, também foi importante a construção de um novo centro logístico. Localizado na cidade de Cergy, a 30 quilômetros de Paris, dali saem os produtos que serão enviados a seis centros regionais de distribuição espalhados pelo mundo. A marca LOUIS VUITTON ostenta o título de campeã de falsificações no mundo. Duas batidas policiais são feitas a cada semana no mundo, a pedido da empresa para tentar conter a falsificação de seus produtos.
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A LOUIS VUITTON também possui um departamento de “Special Orders”, em que os clientes (consumidor final ou grandes empresas) podem realizar seus desejos mais extravagantes, por preços também para lá de extravagantes. De lá saem produtos feitos sob medida, que não integram as coleções da marca, como por exemplo, um estojo com quatro hashis (tradicionais pauzinhos ou palitinhos orientais que servem como talheres), encomendado por uma grande empresa, que presenteou seus clientes vips com o mimo que conta com o tradicional monograma LV gravado na madeira. A fábrica dirigida pelo presidente da empresa e bisneto do fundador da grife, Patrick-Louis Vuitton, fica na antiga casa da família em Asnières, um vilarejo às margens do Sena.
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Campanhas que fizeram história
O grupo LVMH sempre soube que o glamour de Jennifer Lopez e Scarlett Johanssen não cativaria todo o mercado masculino da LOUIS VUITTON. Baseada nisso, a casa francesa contratou em 2007 o ex-presidente russo, Mikhail Gorbachev, para protagonizar uma campanha publicitária de malas de viagem, fotografada pela renomada Annie Leibovitz. Na imagem, repleta de simbolismo, Gorbachev aparece sentado no banco de trás de uma limusine com uma mala LOUIS VUITTON ao lado, enquanto contempla, com nostalgia, o que resta do muro de Berlim. A forte imagem era complementada pela frase . Com esta nova campanha, mais sóbria e realista, a empresa visava chegar ao mercado masculino e a país"A journey brings us face to face with oursekves"es emergentes como a China e a Rússia. O ex-líder soviético, inicialmente reticente à idéia, aceitou o papel em troca de uma doação da LOUIS VUITTON à sua organização de proteção ao meio ambiente, Green Cross International. O enorme sucesso da campanha levou a marca a contratar outros garotos-propaganda famosos como os ex-campeões de tênis André Agassi e Steffi Graf; a atriz francesa Catherine Deneuve; o guitarrista dos Rolling Stones, Keith Richards (que posa com sua guitarra em cima de uma cama em um quarto de hotel onde lenços negros com desenhos de caveiras obscurecem a luz de uma lâmpada decorada com caveiras); o ator Sean Connery (fotografado perto de sua casa nas Bahamas); e a família Coppola.
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Dados corporativos
● Origem: França
● Fundação: 
1854
● Fundador: 
Louis Vuitton
● Sede mundial: 
Paris, França
● Proprietário da marca: 
LVHM Group
● Capital aberto: 
Não
● Chairman & CEO: Bernard Arnault (LVHM)
● Presidente: 
Yves Carcelle
● Estilista: Marc Jacobs
● Faturamento: US$ 9 bilhões (estimado)
● Lucro: Não divulgado
● Valor da marca: 
US$ 21.60 bilhões (2008)
● Lojas: 414

● Fábricas: 
14
● Presença global: 
+ 65 países
● Presença no Brasil: 
Sim (5 lojas)
● Maiores mercados: 
Estados Unidos, Japão, China e França
● Funcionários: 14
.000
● Segmento: 
Roupas e acessórios
● Principais produtos: Bolsas, sapatos, canetas, jóias, relógios, roupas e acessórios
● Ícones: Os monogramas e a tradicional bolsa Keepall Bag
● Website: 
www.loiusvuitton.com
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O valor
Segundo a consultoria britânica Interbrand, somente a marca LOUIS VUITTON está avaliada em US$ 21.60 bilhões, ocupando a posição de número 16 no ranking das marcas mais valiosas do mundo.
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A marca no mundo
A marca tem atualmente 414 lojas exclusivas e 14 oficinas de produção, empregando cerca de 14 mil pessoas e estando presente em mais de 65 países ao redor do mundo. Para se ter idéia do poder da marca, cerca de 70% do faturamento de US$ 16.47 bilhões em 2005 do Grupo LVMH (que possui marcas como Fendi, Moët et Chandon, e Christian Dior, entre outras) provém dos produtos da LOUIS VUITTON.
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Você sabia?
 Existe uma lenda acerca dos baús de viagem da LOUIS VUITTON: muitos que estavam a bordo do Titanic foram encontrados intactos, preservando inclusive seu conteúdo.
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As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Time), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).

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