sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Salvatore Ferragamo


Salvatore Ferragamo foi um artista em sintonia com o clima cultural de seu tempo. Inspirado, dedicou sua vida à arte dos sapatos. Perfumes e acessórios merecem destaque na elegante coleção do estilista, caracterizada por sofisticação, beleza, conforto e arte. Apesar de morto há mais de 40 anos, o sucesso de Salvatore perpetua-se pelo sucesso da grife que leva o seu nome.
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A história
Nascido em 5 de junho de 1898, em Bonito, vilarejo a 100 quilômetros de Nápoles, na Itália, Salvatore Ferragamo desde pequeno mostrou ter uma vocação: a de fazer sapatos. Aos onze anos foi aprendiz de sapateiro trabalhando junto com Luigi Festa, com que aprendeu tudo sobre a profissão, e aos 13 anos abriu uma sapataria em sua cidade natal, onde não se limitou a fazer reparos e confeccionar botas de fazendeiros, mas também desenhar modelos exclusivos e fazer moda para os pés das mulheres. Esperto, o designer escolheu um domingo para inaugurar a loja, que ficava exatamente em frente à igreja local. Depois da missa, uma pequena multidão de curiosos se aproximou e o sucesso foi imediato, apesar das piadas sobre a idade do pequeno empreendedor. Em 1912, aos 14 anos, o designer já contava com clientes nas cidades vizinhas e seis assistentes na loja. Foi quando, mais uma vez, sentiu que podia ampliar os horizontes e partir em busca de novos desafios. Dessa vez, embarcou rumo aos Estados Unidos para juntar-se aos irmãos mais velhos.
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Decepcionado com a qualidade e o acabamento dos sapatos produzidos em série nas grandes fábricas de Boston, onde um de seus irmãos trabalhava, Salvatore foi ao encontro dos outros parentes em Santa Bárbara, na Califórnia, próximo aos grandes estúdios de cinema. A partir daí, abriu uma pequena loja para confecção e reparos de sapatos, passou a produzir modelos para figurino de cinema e, de quebra, começou a receber encomendas de sapatos sob medida das maiores estrelas de cinema da época, como Ava Gardner, Marilyn Monroe e Greta Garbo. Salvatore foi obrigado a se mudar para Hollywood por causa de sua clientela e lá abriu sua famosa Hollywood Boot Shop. Os personagens mais célebres do cinema foram seus clientes, e a Salvatore foi dado o apelido de “sapateiro das estrelas”“sapateiro dos sonhos”.
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Apesar do seu grande sucesso, a empresa só se tornou uma marca depois que Salvatore retornou à Itália, em 1927, e se estabeleceu em Florença uma primeira fábrica de sapatos totalmente confeccionados à mão, com uma equipe de 60 artesãos treinados diretamente pelo mestre, e uma loja no Palácio Spini Feroni. Lá, o sonho de um homem se transformou em uma empresa que passou a produzir mais de 350 pares de sapatos por dia. A fama de seus calçados, apreciados pela beleza e comodidade dos modelos e por sua refinada elaboração, se estendeu por toda Itália e pela Europa, fazendo do Palácio Spini Feroni, ponto de parada internacional dos atores de cinema.
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Mas foi nos anos 30 e 40 que Salvatore mostrou a sua verdadeira inovação, desenvolvendo sapatos com novos materiais como celofane e cortiça, tudo graças à escassez do couro que tomou o mercado na época. Com a crise na Europa, Ferragamo começou a usar materiais mais baratos, como o cânhamo, a palha e os primeiros materiais sintéticos. Sua principal invenção foi a palmilha compensada. Não gostava da produção em série porque acreditava que cada par deveria ser desenhado em detalhes. Sempre pensando no conforto, suas criações eram, além de belas, anatômicas. O salto Anabela, de 1938, é prova disso.
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Apesar das sandálias de ouro, das plataformas multicoloridas, das sandálias romanas com tiras que se amarravam e dos sapatos com salto-agulha de metal – esses últimos imortalizados por Marilyn Monroe, o primeiro grande sucesso de Ferragamo foi a sandália invisível, de 1947, feita, em parte, com fios de náilon. A criação lhe rendeu naquele ano o prêmio Neiman Marcus (importante premiação de moda norte-americana que, até então, nunca havia sido concedida a um designer de sapatos). Outro destaque de sua carreira foi a sandália Calipso, produzida com tiras de cetim pretas, em 1955. Nessa época a marca SALVATORE FERRAGAMO era um verdadeiro sucesso.
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Até 1957, o gênio italiano havia criado mais de 20 mil modelos e registrado 350 patentes. O estilista italiano morreu em 1960, mas sua família continua à frente do ateliê, no Palazzo Spini Feroni, um prédio de características medievais que até hoje é mantido como sede da empresa, erguido em 1289 na Via Tornabuoni. Seus seis filhos e sua mulher Wanda herdaram o gosto pela perfeição e mantêm viva a história do pai dando continuidade ao trabalho artesanal, reeditando clássicos e lançando a partir dos anos 90 coleções de lenços, cosméticos, perfumes, óculos, prêt-à-porter e acessórios para homens e mulheres, um velho sonho do mestre Salvatore.
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O crescimento contínuo do Grupo Ferragamo, que, em manobra pioneira, adquiriu a maison francesa Emanuel Ungaro em 1996 e, desde 1997, também dirige três hotéis em Florença, permite que os mais de 20 herdeiros, entre filhos, primos e netos, participem ativamente dos negócios.

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A linha do tempo
1920
 Criação das sandálias romanas, com tiras que se amarram nos tornozelos.
1938
 Criação do salto Anabela.
 Criação da célebre sandália Maharani, inspirada nas célebres sandálias feitas para a princesa de Cooch Behar.
1948
 Inauguração de sua primeira loja nos Estados Unidos localizada em Nova York.
1949
 Lançamento da primeira bolsa da grife.
1955
 Lançamento dos primeiros lenços de seda da grife italiana.
1980
 Lançamento de sua primeira coleção de roupas femininas.
1998
 Lançamento de sua primeira coleção de armações de receituário e óculos solares para mulheres e homens através de uma parceria com a Luxottica.
 Lançamento de seu primeiro perfume chamado SALVATORE FERRAGAMO POUR FEMME.
 Lançamento de uma fragrância masculina.
2003
 Lançamento do perfume INCANTA.
 Lançamento dos primeiros cosméticos e produtos para o corpo.
 Inauguração de lojas âncoras nas cidades de Nova York e Tóquio.
2004
 Lançamento da coleção de óculos PICNIC, que teve como base um memorável par de sapatos criado em 1938, coberto de flores coloridas de ráfia bordadas à mão.
2007
 Lançamento de uma linha de relógios.
2009
 Lançamento da coleção de óculos.
 Lançamento de uma linha, chamada de Eco Ferragamo, de bolsas feitas a partir de uma técnica de coloração livre de metais poluentes. O couro é tingido com uma tinta derivada da casca de árvores por meio de um processo certificado pelo Instituto Alemão SG. As bolsas são também biodegradáveis e resistentes à água. A marca decidiu revestir as bolsas Eco Ferragamo com cânhamo fiado à mão, já que o cânhamo é resistente e não requer o uso de pesticidas. A linha é composta de cinco bolsas nas cores tabaco, amarelo limão e rosa. As bolsas estarão disponíveis em todas as lojas da Ferragamo a preços que variam de US$ 1.190 a US$ 1.890.
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A arte
Salvatore Ferragamo foi o primeiro artista a produzir sapatos feitos à mão em grande escala. E a manufatura de sua oficina, instalada em Florença desde 1927, continua impecável: até hoje o couro é cortado à mão e cada peça passa cinco dias sendo moldada. Atualmente a fábrica produz cerca de 11 mil pares de sapatos por dia. É quase impossível não achar um de seus modelos que fique perfeito nos pés. Audrey Hepburn e Carmem Miranda eram clientes fiéis. Marlene Dietrich nunca repetia um modelo mais de duas vezes. Greta Garbo chegou a encomendar 70 pares de uma vez.
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O mestre Salvatore e Audrey Hepburn
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O museu
Museo Salvatore Ferragamo é um museu privado, dedicado a história da empresa Salvatore Ferragamo, a vida de seu fundador, e suas criações: as peças de calçados, síntese de busca da estética e de técnicas artesanais inovadoras. Inaugurado no mês de maio de 1995, o museu nasceu por iniciativa da família Ferragamo – a esposa Wanda e seus filhos – com a vontade de fazer ao público de todo o mundo conhecer, aos estudiosos e sobretudo aos jovens, as qualidades artísticas do estilista e o importante papel que desempenhou na história do setor de calçados e também da moda internacional. Seus estudos sobre a anatomia do pé e sobre as formas o levaram a invenção do “método Ferragamo”, uma técnica de artesanato de calçados, revolucionária.
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O museu está localizado no Centro Histórico de Florença, Itália. Está instalado no segundo piso do Palácio Spini Feroni, situado na rua Tornabuoni, nº 2. No térreo encontra-se a atual loja da SALVATORE FERRAGAMO e pela entrada principal do palácio, através de uma escadaria se tem acesso ao museu que fica no andar de cima. São fotografias, patentes, rascunhos, livros, revistas e fôrmas em madeira de pés famosos, além da exibição da coleção de mais de 10 mil modelos de sapatos, expostos em rodízio, ordenados cronologicamente e colocados em estantes transparentes que garantem a conservação e correta exposição, que contam a história da marca e do estilista. A coleção de calçados do museu documenta a intensa atividade desenvolvida por Salvatore Ferragamo desde seu regresso a Itália em 1927 até 1960, ano de sua morte. A coleção manifesta a capacidade técnica e artística de Salvatore, que na escolha das cores, na fantasia dos modelos e na experimentação dos materiais, oferece uma contribuição fundamental ao desenvolvimento e a firmação do “Made in Italy”.
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Alguns modelos demonstram o contato entre Salvatore Ferragamo e os artistas da época, tal como o pintor futurista Lucio Venna, autor de quatro esboços da conhecida etiqueta de calçados Ferragamo; outros provam sua contínua experimentação em busca da perfeita aderência do calçado ao pé, e na invenção de detalhes e materiais, desde a famosa sola de cunha de cortiça, patenteada em 1936 e imediatamente copiada por todo o mundo, até ráfia, pele de peixe e celofane, que usou durante o período da Segunda Guerra Mundial. Não foi por acaso que quando Salvatore Ferragamo regressou à Itália dos Estados Unidos, se instalou em Florença. Suas belezas, seu passado, seus monumentos, o artesanato ativo, constituem um patrimônio que pertence não só a Itália, mas ao mundo inteiro. Cidade de arte, Florença é um símbolo também de elegância e de estilo italiano. Para quem, como Ferragamo, havia levado seu ofício a uma atividade artística, não existia lugar melhor para estabelecer-se e organizar seu próprio trabalho e sua vida privada. Por tudo isso, Florença é parte integrante da cultura de Ferragamo, tal como é o Palácio Spini Feroni sede do museu.
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O hotel
O hotel-boutique da grife SALVATORE FERRAGAMO, chamado PORTRAIT SUITES, está localizado na cidade de Roma em um palazzo na via Condotti. São apenas catorze quartos (entre suítes, estúdios e uma cobertura gigante), tão únicos e caprichados que levaram, em 2006, o European Hotel Design Awards, um dos prêmios mais cobiçados da hotelaria européia, na categoria melhor design de quarto e banheiro. A decoração, que leva muito mármore, madeira e até, acredite se quiser, pele de javali, usa fotos de astros do cinema e objetos ligados à sétima arte. Anexo, uma loja masculina da marca, e um terraço de onde se podem admirar a Piazza di Spagna e o Monte Quirinale, uma das famosas sete colinas de Roma.
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Dados corporativos
● Origem: Itália
● Fundação: 
1927
● Fundador: 
Salvatore Ferragamo
● Sede mundial: Florença, Itália
● Proprietário da marca: Salvatore Ferragamo Finanziaria S.p.A.
● Capital aberto: Não (subsidiária)
● Chairman: 
Ferrucio Ferragamo
● CEO: Michele Norsa
● Presidente: 
Wanda Ferragamo
● Faturamento: US$ 1.1 bilhões (estimado)
● Lucro: US$ 80 milhões (estimado)
● Lojas: 
500
● Presença global: 60
 países
● Presença no Brasil: Sim (5 lojas)
● Funcionários: 
+ 2.000
● Segmento: Vestuário
● Principais produtos: Sapatos, roupas, bolsas, gravatas, cintos
● Ícones: Os luxuosos sapatos
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A marca no mundo
Atualmente a marca engloba 500 lojas localizadas em 60 países, apresentando produtos que variam de sapatos, roupas, bolsas, echarpes, gravatas, óculos, relógios e perfumes tanto femininos como masculinos. Mundialmente, a América do Norte responde por 26.4% da receita, a região da Ásia-Pacífico representa 25.6%, e Europa 25.5%. Japão conta por 19.3% das vendas e as Américas do Sul e Central compõem a fatia restante com 3.2%.

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